CENSO DE MATRIZ AFRICANA E TERREIROS

Projeto do Instituto de Pesquisa Darcy Ribeiro

Censo de Templos de Matriz Africana e de Povos e Comunidades Tradicionais  é um Projeto da Prefeitura de Maricá, realizado através do Instituto Municipal de Informações e Pesquisa Darcy Ribeiro (IDR), que visa compreender as especificidades dos Povos e Comunidades Tradicionais e Comunidades de Terreiros do município de Maricá.

Segundo o Decreto 6.040/2007, Art. 3º, são considerados povos e comunidades tradicionais grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas geradas e transmitidos pela tradição. Para um maior entendimento, são considerados “Povos e Comunidades Tradicionais”, povos indígenas, pescadores artesanais, povos ciganos e de terreiros, ribeirinhos e pantaneiros (do pantanal matogrossense e sul-mato-grossense), comunidades remanescentes de quilombos, os faxinalenses do Paraná e região, os caiçaras, as comunidades de fundos de pasto da Bahia, os geraizeiros, os apanhadores de flores sempre-vivas, entre outros representantes de uma significativa parcela da população brasileira.

Garantia de direitos individuais e coletivos

Essa é uma ferramenta importante na produção de elementos que nutrirá o governo local de informações, ajudando-o na promoção e no avanço de suas ações, sendo fundamental para a garantia de direitos individuais e coletivos de povos e comunidades tradicionais e a sua inclusão sociopolítica no município, permitindo, assim, o desenvolvimento de um arcabouço municipal, criando condições mais específicas para atender suas necessidades, incluí-los nos programas do governo de forma eficiente, realizar o mapeamento das casas de religião de matriz africana e garantir a preservação do patrimônio material e imaterial, entre outras questões.

O Brasil é um país que possui na sua gênese diversas culturas e compreender a sua formação social é fundamental para a implantação de políticas públicas efetivas e inclusivas que ajudem a desenvolvê-la de forma mais justa e igualitária. Tal questão remete ao decreto Federal nº 6.040/2007, que estabelece a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais – PNPCT,  cujas definições e objetivos correspondem às demandas para o reconhecimento, fortalecimento e garantia dos direitos territoriais, sociais, ambientais, econômicos e culturais, com respeito e valorização da identidade, suas formas de organização e suas instituições.

Para entender o resultado da miscigenação desses povos e iniciar uma discussão conceitual sobre tais identidades, o governo de Maricá lançou em 2022 uma pesquisa ampla, através do Censo, que fornecerá dados e informações mais exatas desses povos e as influências na formação social, no que tange os limites do município.

Atenção povos e comunidades tradicionais de matriz africana

O projeto foi desenvolvido e discutido em parceria com atores sociais locais e o trabalho de campo inicialmente se deu realizando visitas aos terreiros de alguns nomes e casas conhecidas e renomadas na cidade, buscando-se, a partir desse ponto indicações de outras casas as quais uma equipe de pesquisadores de campo passaram a visitar e colher as informações requeridas no projeto.

A Nossa equipe de campo

Salete da Dalt

COORDENADORA DE PESQUISA

Marcelo Viana

PESQUISADOR

Monica Gurjão

PESQUISADORA

Raquel Gentile

PESQUISADORA

Central de agendamento - entrevista Censo de Matriz Africana

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CENSO - MATRIZ

A influência do “caldeirão” cultural no município de Maricá

A simbiose entre diferentes povos influenciaram nos mais diversos aspectos culturais da sociedade brasileira, destacando-se os povos indígenas, portugueses e africanos, e as heranças culturais podem ser percebidas nos costumes, religiões, vestimentas, comidas típicas, na linguística e em muitos outros campos. No que se refere a questão etnolinguística, os resultados desse caldeirão cultural são facilmente perceptíveis no nosso dia-dia. O município de Maricá possui em alguns nomes de bairros, e no seu próprio nome, palavras de origem indígenas, como por exemplo: 

 

Araçatiba – em tupi-guarani significa: local com muito araçá (araçazal);

Inoã – I”nhoã em tupi-guarani significa literalmente: ¨o campo alto¨(inhi+ã) (inhuá). 

Maricá – termos indígenas “mari” que significa espinheiro e “CAÁ” que significa mato, denominação justificada pela abundância de acácias espinhosas existentes na região. Outra versão atribui a origem do nome a uma corruptela do termo “MARACÁ”, que era um chocalho indígena.

 

Há muitas outros termos tão comuns no uso cotidiano, que às vezes nem nos damos contas da sua evolução etimológica, tais como: dengo, palavra de origem banta (atualmente Congo, Angola e Moçambique) e língua quicongo e tem um sentido mais profundo e ancestral, sendo um pedido de aconchego no outro em meio ao duro cotidiano. Moleque do quimbundo mu’leke, que significa “filho pequeno” ou “garoto”, era um modo de se chamar os seus filhos de mu’lekes. Axé, o termo geralmente é usado como o “assim seja”, da liturgia cristã, e também “boa-sorte”. Contudo, segundo as religiões afro-brasileiras, axé (do iorubá ase) é bem mais do que isso: é a energia vital encontrada em todos os seres vivos e que impulsiona o universo. Muvuca, Mvúka, de origem banta e língua quicongo, significa aglomeração ruidosa de pessoas como forma de lazer e celebração, entre tantas outras. 

 

Na gastronomia percebemos, em pratos típicos da nossa culinária, as influência que esses povos deixaram. O acarajé é um dos principais alimentos de origem africana e o nome da receita vem da língua africana iorubá, falada também no candomblé da Bahia, e significa “comer bola de fogo”. O cuscuz é um prato comum da região noroeste do continente africano, conhecida como “Magrebe”. Outro exemplo que pode ser citado é a cocada, um doce africano introduzido no Brasil na época da colonização e que, desde então, se tornou uma receita típica da culinária afro-brasileira. Tecidos, adornos e vestimentas africanas estão inseridos na cultura brasileira. O traje típico da baiana é um conjunto do vestuário tradicional e é a mesma usada nos terreiros de candomblé, assim como o turbante das baianas e os balangandãs indicam elementos da cultura islâmica predominante no Norte da África (Sudão).

 

Alguns costumes, festas e manifestações religiosas têm sua origem na cultura dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana e Comunidades de Terreiros, como é o caso da tradicional lavagem das escadarias da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Amparo, em Maricá. A lavagem da escadaria da igreja é uma manifestação popular e religiosa sincrética, anual e que ocorre há mais de 20 anos na cidade, sendo considerada a terceira maior do Brasil, ficando somente atrás da famosa Lavagem da Igreja do Bonfim, em Salvador (BA) e da Igreja São Cristóvão, Zona Norte do Rio. (incluir festejos e manifestações de datas comemorativas de santos)