A simbiose entre diferentes povos influenciaram nos mais diversos aspectos culturais da sociedade brasileira, destacando-se os povos indígenas, portugueses e africanos, e as heranças culturais podem ser percebidas nos costumes, religiões, vestimentas, comidas típicas, na linguística e em muitos outros campos. No que se refere a questão etnolinguística, os resultados desse caldeirão cultural são facilmente perceptíveis no nosso dia-dia. O município de Maricá possui em alguns nomes de bairros, e no seu próprio nome, palavras de origem indígenas, como por exemplo:
Araçatiba – em tupi-guarani significa: local com muito araçá (araçazal);
Inoã – I”nhoã em tupi-guarani significa literalmente: ¨o campo alto¨(inhi+ã) (inhuá).
Maricá – termos indígenas “mari” que significa espinheiro e “CAÁ” que significa mato, denominação justificada pela abundância de acácias espinhosas existentes na região. Outra versão atribui a origem do nome a uma corruptela do termo “MARACÁ”, que era um chocalho indígena.
Há muitas outros termos tão comuns no uso cotidiano, que às vezes nem nos damos contas da sua evolução etimológica, tais como: dengo, palavra de origem banta (atualmente Congo, Angola e Moçambique) e língua quicongo e tem um sentido mais profundo e ancestral, sendo um pedido de aconchego no outro em meio ao duro cotidiano. Moleque do quimbundo mu’leke, que significa “filho pequeno” ou “garoto”, era um modo de se chamar os seus filhos de mu’lekes. Axé, o termo geralmente é usado como o “assim seja”, da liturgia cristã, e também “boa-sorte”. Contudo, segundo as religiões afro-brasileiras, axé (do iorubá ase) é bem mais do que isso: é a energia vital encontrada em todos os seres vivos e que impulsiona o universo. Muvuca, Mvúka, de origem banta e língua quicongo, significa aglomeração ruidosa de pessoas como forma de lazer e celebração, entre tantas outras.
Na gastronomia percebemos, em pratos típicos da nossa culinária, as influência que esses povos deixaram. O acarajé é um dos principais alimentos de origem africana e o nome da receita vem da língua africana iorubá, falada também no candomblé da Bahia, e significa “comer bola de fogo”. O cuscuz é um prato comum da região noroeste do continente africano, conhecida como “Magrebe”. Outro exemplo que pode ser citado é a cocada, um doce africano introduzido no Brasil na época da colonização e que, desde então, se tornou uma receita típica da culinária afro-brasileira. Tecidos, adornos e vestimentas africanas estão inseridos na cultura brasileira. O traje típico da baiana é um conjunto do vestuário tradicional e é a mesma usada nos terreiros de candomblé, assim como o turbante das baianas e os balangandãs indicam elementos da cultura islâmica predominante no Norte da África (Sudão).
Alguns costumes, festas e manifestações religiosas têm sua origem na cultura dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana e Comunidades de Terreiros, como é o caso da tradicional lavagem das escadarias da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Amparo, em Maricá. A lavagem da escadaria da igreja é uma manifestação popular e religiosa sincrética, anual e que ocorre há mais de 20 anos na cidade, sendo considerada a terceira maior do Brasil, ficando somente atrás da famosa Lavagem da Igreja do Bonfim, em Salvador (BA) e da Igreja São Cristóvão, Zona Norte do Rio. (incluir festejos e manifestações de datas comemorativas de santos)